Mykonos-98

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    Jonas deu um salto da cadeira, abraçou o rapaz e uma lágrima de emoção escorreu pelo seu rosto. Ele se sentia como que perdoado por ter praticamente obrigado Joninho a se casar com Laurinha, afinal, foi isso que permitiu que ele vivesse este momento de tanta alegria, quando já visualizava os frutos desta bela união.
    Albertinho, como que voltando de um longo momento de reflexão, disse:
    – Não podemos nos esquecer que Laurinha jamais concordará com esta união, ela sempre demonstrou sua repulsa por qualquer aproximação de seus filhos com membros de nossa família.
    Depois de um longo tempo calado, Percilio interferiu decisivamente.
    – Parabéns Silinho, Pilar te ama, e vocês serão muito felizes, não se preocupem com mais nada, a não ser seguir à risca todas as nossas orientações, este casamento será realizado e marcará uma nova fase para a nossa Comunidade.
    As três palavrinhas mágicas – Pilar te Ama – ainda bailava na mente de Silas quando Albertinho puxando seu braço, disse:
    – Filho, tenha muita paciência, eu, seu primo e seu tio, tomaremos à frente, você aja como sempre agiu, não diga nada a ninguém, acredito que ainda vai demorar um pouco para conseguirmos dobrar a arrogância da mãe de Pilar.
    Jonas olhando a cena, recordou de Alberto, seu irmão; sua firmeza, suas palavras sempre bem colocadas, sua facilidade de resolver conflitos. Teve até a impressão de tê-lo visto ao lado do neto, mas imediatamente afastou esta possibilidade, havia anos que não visualizava mais as pessoas que já morreram e isto o deixava mais confortável, qualquer hipótese contrária, ele já contestava de pronto, dizendo: – Foi imaginação! Mas Alberto estava lá sim, intuindo Albertinho, transmitindo serenidade a Silas e conversando diretamente com Percilio. Com muito mais maturidade espiritual, o pai de Sibila se deliciava com as precisas orientações de amigos invisíveis aos olhos, mas tão presentes que ele podia até sentir o calor de seus “corpos”.
     Finda a reunião, Albertinho e Silinho se despediram e saíram, deixando um Jonas totalmente abismado com o que havia acontecido naquele dia e cheio de dúvidas com relação as “provas incontestáveis” sobre a proteção e a presença de entes queridos que aparentemente moravam em outro local,  inacessível ao alcance de qualquer ser humano.
    Percebendo as perguntas que invadiam a mente do pai, Percilio disse:
    – Pai, o que se passou aqui foi apenas uma pequena amostra do que se passa em locais que não temos acesso.
    – Como assim? Perguntou um Jonas que mais parecia um garoto que acabou de descobrir que deveria haver algo mais além da linha do horizonte.
    – Eu não vou conseguir te explicar em detalhes porque eu também não sei, mas tenho certeza, que muito antes de Silinho dizer que se casaria com Pilar, muito planejamento estava sendo feito nestes locais, um deles é o jardim onde o senhor conversou está manhã com Anita.
    Percilio pacientemente buscava as colocações certas para não deixar o pai mais confuso, mas acreditando que ainda havia algo a ser dito, concluiu:
    – Não foi coincidência todos estes acontecimentos que nos levaram a colocar em andamento este plano de unir a Comunidade, é claro que teremos êxito  e o matrimônio será realizado, pois quem determinou que isso aconteça foi o Grande Deus.
    Sem dizer mais nada, o rapaz se levantou, se despediu do pai, deu alguns passos em direção a porta de saída, mas de repente, como se estivesse esquecido do mais importante, virou-se e falou:
    – Papai, pare de negar que vê nossos entes que já estão morando em outro lugar, o senhor perdeu uma belíssima oportunidade de conversar com Tio Alberto.
    Serenamente, virou-se e saiu, deixando um Jonas perplexo, sem saber o que pensar. Ultimamente Jonas se via continuamente meditando sobre o por quê de muitos detalhes que teimavam em saltar sob seus olhos, não compreendia como ele conseguia “captar” pensamentos de parentes e amigos. O fato de ver as imagens de pessoas que já partiram ou até mesmo “sentir” o impacto de suas orientações, o deixava muito intrigado, mas a primeira coisa que sempre lhe vinha a mente era negar veementemente qualquer tipo de interferência misteriosa, sem explicação. Dia a após dia se convencendo que tudo isto não passava de mera imaginação trouxe o ônus da diminuição da sensibilidade do médium que renasceu para aprender a lidar com as energias etéreas que permeiam o Universo e convocam para o aprendizado renovador.
    Assim que chegou a sua caverna, Percilio pediu que Sibila chamasse Ana, Mariane e Mirla para uma reunião, disse também que gostaria que Celeste não participasse, pois as duas amigas deveriam entreter Mirtes que ultimamente se via em desiquilíbrio constante, não conseguindo, nem ao  menos, articular bem as palavras. Instruiu que Sibila convidasse a mãe para um passeio, passasse na caverna de Ana, se juntasse a Celeste e pedisse que Ana se incumbisse de avisar as irmãs. Sibila seguiu à risca as orientações do pai, de início, Mirtes se recusou a sair, mas vendo que a filha não mudava de opinião, cedeu.
    Passada meia hora, Percilio recebeu a visita das três amigas, pediu que sentassem, pois a conversa era muito importante. Começou dizendo:
    – Eu sei que vocês estranharam o convite mas precisamos nos alinhar para prosseguir o nosso objetivo de unir a Comunidade.
    Ana interrompeu, dizendo:
    – Mas Percilio porque só nós três? Tenho certeza que Rafael, seu pai, seus tios, podem ser muito mais úteis que nós.
    – Ana, para a tarefa que vou propor, vocês três são as pessoas ideais. Respondeu Percilio com firmeza, prosseguindo.
    – Nada melhor que um belíssimo casamento para mudar totalmente o clima que reina nesta Comunidade e serão vocês três que farão todos os preparativos.
   Ana olhou para Mariane que olhou para Mirla, que exclamou:
   – Como assim? Que eu saiba não existe nenhum casal prestes a contrair matrimônio que more aqui.
   – Você é que pensa, disse Ana, animadamente.
   As duas irmãs foram pegas de surpresa, por mais que buscassem em suas memórias recentes não conseguiam concluir quem seria o casal que poria fim a tantas desavenças.
Tentando colocar um ponto final na curiosidade de suas irmãs, Percilio disse:
    – Ana já sabe quem é o casal porque Celeste e Sibila foram os cupidos deste amor, desejando e orando para que Silinho e Pilar formassem uma nova e feliz família, e também não posso me esquecer de Rute, que foi quem contou para as duas meninas o amor que Pilar nutre pelo filho de Albertinho.
    Como que tomada por um choque de realidade, Mariane exclamou:
    – Isto é impossível, do jeito que Laurinha detesta nossa família, ela jamais permitiria que sua filha se case com Silinho.
    – Eu também tenho certeza disso! Completou Mirla.
    Percilio esboçou um largo sorriso, disse:
    – Não, se todos fizerem sua parte. A princípio não vamos fazer alarde à respeito do aceite de Silinho em receber Pilar como sua esposa, se alguém que não quer a paz na Comunidade, ficar sabendo, pode-se por tudo à perder. Vocês três, deverão providenciar tudo que for necessário para que a cerimônia seja inesquecível, desde o vestido da noiva até a festa de comemoração, mas sempre em segredo absoluto, não procurem Silinho, muito menos Pilar, daqui a umas duas semanas arranjarei uma viagem a Semiris para que tudo possa ser comprado.
continuação… 

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