CAPÍTULO 12
FINAL FELIZ
Todos juntos comemorando uma vitória que custou muito empenho de inúmeros amigos de longa data, foi o que se observava naquele dia ensolarado de verão. As crianças formavam um grupo à parte, na inocência de uma etapa da vida que ainda não exigia grande responsabilidade, elas alegremente colhiam flores silvestres para enfeitar o altar onde se realizaria o casamento de Pilar e Silas.
Percilio acompanhado de Jonas e do nativo Hipólito aguardava a chegada do noivo para combinar os últimos detalhes do enlace. Naquela tarde, finalmente se realizaria a cerimônia que colocaria fim a segmentação imposta pela arrogância. Os Massina, unidos com amigos que mutuamente se escolheram, colocariam uma pedra em uma etapa da evolução daqueles espíritos, na qual o Grande Deus exigiu de cada um muita fé e discernimento.
As irmãs, Luizinha e Laurinha, não tiveram alternativa, mesmo dizendo que não participariam de uma comemoração tão sem propósito, no fundo estavam curiosíssimas para saber detalhes da cerimônia. Raquel, à princípio se assustou com o caminhar dos acontecimentos, mas depois, se dobrou ao argumento carinhoso da neta que tanta amava, ela lhe disse:
– Vovó, eu amo Silinho, isto a muito tempo, por favor, compartilhe com minha felicidade.
A avó deu um abraço carinhoso na neta, sentindo claramente a aprovação do velho Jeremias. Mas com Laurinha, não houve argumento, ela estava profundamente ressentida com as duas filhas e claramente cortou relações, ou melhor, ampliou o leque de desafetos, que já era muito amplo. Luizinha se limitou a desejar felicidades a sobrinha.
Apesar da postura inflexível das duas irmãs, tudo correu dentro da mais perfeita harmonia, os noivos estavam felicíssimos, receberam cumprimentos de todos os presentes, até mesmo de Laurinha, que assim que foi selado o enlace através da condução de Rafael que celebrou lindamente a cerimônia, saiu de sua caverna toda sorridente, abriu caminho entre os presentes que se alinhavam ao redor do altar, abraçou longamente sua filha e a seguir o seu novo genro.
Todos ficaram boquiabertos com esta atitude, ninguém esperava um desenlace tão terno para tantos anos de irritação e ingratidão. Luizinha, também tomada por uma força de carinho descomunal seguiu a atitude da irmã, depois foi a vez de Raquel, e um a um, todos os moradores da Comunidade da Grande Pedra abraçaram os noivos e depois todos se abraçaram uns aos outros.
Jonas, com os olhos marejados tomou a palavra, assim que todos se assentaram novamente. Começou dizendo:
– Meus Amigos, este é o melhor dia da minha vida, eu agradeço ao Grande Deus por ter me dado saúde para vivenciá-lo. Quando partimos de nossa saudosa pátria, eu tinha certeza que um dia iriamos vencer nesta nova terra que nos acolheria. Anos difíceis tivemos que enfrentar, mas a força de vontade de cada um proporcionou a vitória que tanto almejávamos – trabalho, paz, crianças saudáveis e felizes crescendo para se tornarem homens e mulheres de bem.
Olhando firmemente para Silinho e Pilar, prosseguiu:
– Meus filhos, vocês são o símbolo da persistência que corre na veia de cada membro desta Comunidade, o enlace de vocês, além de ser uma vitória do amor, representa o afastamento de energias ruins que durante muito tempo nos rondou, e agora, podemos afirmar com toda a convicção que somos uma verdadeira família de Grandes Amigos.
Ao dizer isso, Jonas ouviu uma salva de palmas descomunal que partia não só dos adultos como das crianças que pareciam hipnotizadas ouvindo atentamente o velho líder da Comunidade. Laurinha chorava convulsivamente amparada por Pilar. Ela sentia como se uma nuvem negra a houvesse abandonado, Luizinha, abraçada ao marido e aos filhos, também chorava.
Apenas Mirtes permaneceu impassível, ela assistiu a cerimônia ao longe, instalada na cabana que tinha sido de sua mãe. Ouviu as salvas de palmas mas não conseguiu entender o que Jonas dizia. A muito tempo ela demonstrava ter perdido suas faculdades mentais, mas naquele momento, um lapso de lucidez pareceu atingi-la, de repente, lembrou-se das obrigações como esposa que a muito deixara de cumprir. Sentiu-se um tanto desconfortável ao concluir que nunca fora uma mulher com a qual o seu marido podia contar. Desde que veio morar na Comunidade, a única certeza que tinha, era que sua vida fora totalmente desperdiçada, nem ao menos cuidou das filhas que trouxe ao mundo. Após este momento de divagação, percebeu que não estava sozinha, Percilio chegara silenciosamente e a algum tempo a observava.
Assim que o viu, Mirtes disse:
– Percilio, eu não sei o que está acontecendo, mas eu estou muito triste, acho que nunca fui uma boa esposa e muito menos uma mãe que merecesse um abraço sequer de suas filhas.
E começou a chorar convulsivamente. Percilio se sentiu tocado com as ponderações da mulher, entrou na cabana e a abraçou longamente. Neste mesmo instante, muitos obsessores que a acompanhavam desde quando era criança, se desprenderam. Com a mudança de sintonia, Mirtes facilitou que isto acontecesse.
A Comunidade estava iluminada com os clarões de amor e amizade que faiscavam em todos os corações, nada, nem ninguém, que não vibrasse essa luz teria possibilidade de permanecer ali. Mas foram tantos anos de assédio intermitente que a mente da jovem senhora já tinha sido irreversivelmente afetada. Bastou Percilio convidá-la para voltar para casa para que começasse a destratar o marido, dizendo que ele era um fraco e que jamais seria tão carismático como seu pai. Percilio relevou a irritação e as colocações da esposa, disse que sentia muito ela pensar isso a seu respeito, mas o fato de ainda serem marido e mulher o obrigava a pedir que relevasse o fato de não ter conseguido ser o marido que ela gostaria que fosse e o perdoasse. Neste momento, Mirtes se ajoelhou diante do marido, pedindo que ele não falasse mais isso pois quem deveria pedir perdão era ela, mas não o faria, pois tudo o que aconteceu entre eles foi contra sua vontade, ela jamais deveria ter se casado, não porque ele era uma má pessoa mas porque ela não a merecia. Mirtes chorava tanto que mal conseguia articular as palavras. Foram muitos minutos de soluços e lágrimas, até que Percilio, tomando a palavra, disse:
– Querida não se preocupe com mais nada, apenas sinta o enlevo que sopra nesta Comunidade, se integre a alegria que paira no ar e que devemos muito a Amigos do Grande Deus, que jamais nos abandonaram.
Mirtes, parecendo não entender o que o marido dizia, apenas sorriu. Mas percebia-se claramente uma entidade de Luz postada ao seu lado, acariciando seus cabelos.
Muito tempo passou após este dia. Percilio envelheceu. Jonas desencarnou pouco tempo após o nascimento do primeiro filho de Silas e Pilar. Os moradores da Comunidade prosseguiram vivendo tomados pelos laços fraternos que unem os grandes amigos. Sibila nunca se casou, dedicou toda sua vida a auxiliar o pai em seu trabalho de cura a todos aqueles que o procuravam. O nativo Hipólito e Claudius faleceram no mesmo dia, vítimas de um acidente na embarcação que os transportaria para uma localidade paupérrima que aguardava a chegava de uma preciosa carga de medicamentos.
Assim que desencarnou nesta vida, Percilio prosseguiu auxiliando do Plano Espiritual, seus amigos e familiares que continuaram vivendo na Comunidade da Grande Pedra ainda por alguns séculos. Desencarnado, dedicou-se aos estudos das energias que permeiam o Universo, e finalmente quando voltou ao plano terreno, teve o privilégio de conviver novamente com seu pai Jonas e sua mãe Maila, alguns tios e sobrinhos.
A Família Silva adquiriu nesta vida, em Mykonos, uma maturidade espiritual que seria muito valiosa no enfrentamento de dificuldades que seriam superadas em futuras oportunidades encarnatórias.
Breve, um outro lapso de tempo será alvo de uma nova narrativa, desta vez, a vida transcorrerá na ilha de Santorini, também na Grécia.
FIM
Meu DEUS ! 😄
QUE DEMAIS TUDO ISSO!
Quanta alegria esta oportunidade de ver descortinar as sutilezas desta arquitetura de AMOR UNIVERSAL .
Parabéns aos AMIGOS TRABALHADORES DA LUZ pela CORAGEM e PERSEVERANÇA de abrir nossos olhos e nos fazer ACREDITAR.
ACREDITAR na força do AMOR.
Gratidão por nos ensinarem a querer o BEM COLETIVO.
Porque no fundo TODOS somos UM SÓ 🌍
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