Brumas do Amanhecer

Ver e não enxergar
É algo terrível!
Não me refiro
A cegueira
Ou a escuridão…
Quero mesmo dizer
Neblina
Nuvem fugidia
Bruma

Uma cortina branca
Que confunde
Impede prosseguir
Com a certeza
Que o caminho é o real

Correto seria,
Parar um pouco
E aguardar…
Que o Sol se levante
Totalmente
Com seus raios dourados
Traga clareza suficiente
Para se ver com exatidão

Incorreto seria…
Prosseguir tateando
Torcendo para não cair
Em um buraco
As chances de se machucar
São enormes…
Afinal,
Caminhar sem ver
É chamar
Um acontecimento sinistro

Vamos trazer as brumas
Para a vida diária…
Será que é possível?
Evidente que sim
No sentido figurado
Tudo é possível!

Vamos analisar
O dia a dia de Raquel
Acorda cedo
Todas as manhãs
Faz o café para o marido
Mamadeira para o filho pequeno
Lanche para o mais velho

Mais uma hora,
Fica sozinha em casa
O esposo já saiu
Levou os filhos para
Escola e creche
Foi trabalhar
Para garantir o sustento

Raquel olha
Para a porta fechada
Suspira fundo
Levanta da mesa
E vai assistir TV

Passadas duas horas
Suspira novamente
Sente um arrepio
Percorrer a espinha
E agora…
Lavar roupa?
Limpar a casa?
Lavar a louça?

Pensa um pouco
E decide
Ligar para mãe
Afinal… hoje…
Ainda não pegou o celular

Alô! Atende D. Isaura
Raquel!! É você?
O que quer?
Não está na hora
De preparar o almoço?

Sem ter dito uma palavra
A jovem desliga o celular
E pensa:
Ainda bem que me casei
Aguentar D. Isaura
É pior que lavar roupa!

Olha para o relógio
Dez e meia…
Ainda é muito cedo!
Vou assistir mais TV
Lá pelas onze e meia
Faço um miojo
Frito um ovo

As crianças ficam na Escola
Até as treze horas
Já voltam alimentadas
Entregues pela perua escolar
O mais novo tem dois anos
O mais velho cinco

Mas…. que interessante!
Raquel não trabalha fora
Não cuida do filho menor
Que bem poderia
Ficar com ela em casa

A tarde…
Os dois são esquecidos
Diante dos desenhos
Da televisão ou do celular
A noite…
Faz uma gororoba qualquer
E oferece para família

Comida congelada
Comprada no supermercado
É a sua preferida
Nada de verduras
Nada de legumes
Nada de saudável…

Comecei falando de brumas
Prossegui, contando
A vida de Raquel
Sabem o que uma coisa
Tem a ver com a outra?
Tudo!

Por que mesmo renascemos?
Para cumprir uma tarefa
Pré acordada…
Ou melhor, uma grande Missão
Que tem a ver
Com caridade, doação, amor…
E pequenas atribuições
Que tem a ver
Com reajustar sentimentos, atitudes…

No fundo… no fundo….
Todos os seres humanos
Sabem disso!
Afinal, antes de renascer
O combinado foi acertado
De comum acordo!

Raquel sabe
Seu marido sabe
Seus filhos também
Mesmo sendo ainda crianças

Mas porque Raquel se levanta
E fica o dia inteiro enrolando?
Critica a mãe
Não cumpre com seus deveres?
Ora, porque sua vida
Está envolta em brumas
Que não permite
A visão límpida e precisa

É claro! Novamente
No sentido figurado…
Mas que conversa é essa de Missão?
Ficar de papo pro ar é muiiiito melhor
Com certeza seria esta
A colocação de Raquel
Se alguém se atrevesse
A dizer o que quer que seja
Sobre sua vida atual

Eu!! Fico é bem quieto!!
Apesar de algumas vezes
Me dá uma vontade…
De dar uma cutucada,
Pera aí Raquel!
Que preguiça é essa?
Vai pro tanque lavar roupa
Que a TV não tem nada
Que não possa ser
Deixado pra lá!!

Voltando para as
Brumas do amanhecer
Ela cega
Engana
Paralisa
Amedronta
Dificulta

Mas…
Passado um tempinho
Tudo clareia
Ilumina
Define
Colore
É só ter paciência
E aguardar
Com Fé!

Poeta Estelar
by Elza Horai


Cegueira Passageira

Ninguém em sã consciência pode afirmar com precisão: sei exatamente o que tenho a fazer. Se vocês prestarem atenção nas águas do mar e se deterem para apreciar o vai e vem das ondas, a seguir imaginar toda a gama de animais marinhos que vivem lá no fundo, abaixo da lâmina de água que não pára de ir e vir, pensarem nos peixes, nas tartarugas, nas estrelas do mar, nas ostras, enfim, em toda a biodiversidade ao alcance de nossos olhos. Não é absolutamente perfeito? É obvio que sim, porque é obra de Deus, e assim, tudo que foi criado por ele, é perfeito, as estações do ano, o corpo humano, a gestação de um bebê são pequeninos exemplos.
Não saber exatamente o que se tem a fazer, também é uma proposta perfeita, caso contrário, como aprender com a luta? Como prosseguir sem temer o que está por vir? Como louvar o Senhor sabendo da difícil tarefa que lhe foi atribuída? Não saber, ou melhor, não saber exatamente, é algo que incita a procura de horizontes que carregam o equilíbrio dos justos. Conclui-se que a cegueira imposta de livre e espontânea vontade atrasará, e muito, a conclusão do que se tem por fazer. Imaginemos que o Pai permite que se saiba com antecedência a missão pré-acordada, isto fará muita diferença? Acreditamos que os preguiçosos prosseguirão buscando motivos para não fazer nada e os lúcidos atingirão o objetivo tendo ou não conhecimento do que deve ser feito, portanto, do jeito que está é perfeito, pelo menos, desta maneira, os preguiçosos não poderão dizer que foram prejudicados em favor dos conscientes.
Todos aqueles que se negam a cumprir suas obrigações culpam algo ou alguém por esta negativa, jamais a si próprio. Mudar o foco das justificativas é imprescindível para que a cegueira se torne passageira. Erguer a cabeça. Utilizar a inteligência com foco no crescimento e não para justificar o injustificável é o primeiro passo. O segundo passo é trabalhar…. trabalhar…. trabalhar… sem esmorecer. Como Deus só se cerca de atitudes perfeitas, logo, o fruto do trabalho se fará sentir, em forma de equilíbrio e paz.
Osmar Silva

 

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