Olá Amigos,
É com grande alegria e agradecimento que começarei a compartilhar com vocês, meus irmãos em Cristo, esta maravilhosa trajetória : “A Grande Família no Amor”. A obra completa é composta por treze livros, cada um, narrando uma das treze vidas da Família Silva. A alguns anos estou trabalhando neste imenso projeto que faz parte do “combinado” que fiz com nosso Pai, antes de voltar à vida nesta encarnação.
Como a realização de uma missão terrena, sempre nos traz alegria e satisfação, é exatamente assim que me sinto: absolutamente realizada. Aos pouquinhos, vamos tornando público cada um dos treze Livros, a primeira parte do primeiro livro “Constantinopla: A Eterna Luz” já está disponível nas próximas linhas.
Peço a Deus, equilíbrio e paz para que possa prosseguir narrando até a última linha do último Livro, as histórias de fé e luta, as quais tive o privilégio de presenciar. Assim como eu, você também poderá ter vivido encarnado naqueles dias longínquos, onde cada tijolo de amor foi pouco a pouco assentado. Se não teve esta oportunidade, com certeza, você viveu outros momentos que propiciaram que estivesse aqui, agora, lendo estas linhas.
Agradeço por se dispor a compartilhar comigo o resgate das vidas de minha Família.
Quem sabe, de Nossa Família!
Elza Horai
A GRANDE FAMILIA NO AMOR
INTRODUÇÃO
A mesma vida que pulsa neste momento em suas veias é a mesma que em muitas outras vezes já animou outros corpos perecíveis, e trouxe ao Planeta Terra, inúmeros descendentes que formaram teias inquebrantáveis de amor, carinho e solidariedade, constituindo grandes famílias, que ao longo da evolução caminham lado a lado, sempre se relacionando em busca de estreitar cada vez mais sentimentos de amor, solidariedade e respeito mútuos.
As histórias que estão registradas nestas páginas é a tradução perfeita desta sinergia que Deus nosso Pai presenteou a todos os habitantes deste Planeta. Esta família é um exemplo, entre milhares de outras, de como o amor atrai todos os homens que se dispõem a cultivar laços eternos com amigos, vizinhos, tios, tias, primos, primas, avós, avôs, e não só pai, mãe e irmãos. Foi escolhida pelo Alto, devido o sentimento de união e doação que sempre esteve presente nas atitudes de amor e carinho de seus membros, ao longo de inúmeras vidas.
Neste livro acompanharemos treze delas, sendo que a última se passa entre o final do Século XX e inicio do Século XXI, ou seja, todos os personagens, ou estão gozando da vida terrena neste momento ou se preparam para retornar, a não ser três deles que foram deslocados de planos sutis para nos auxiliar neste trabalho e para lá retornarão.
Toda a trama deste livro gira em torno da caminhada da Família Silva que se formou à milhares de anos pelo amor de duas amigas e que persiste até hoje, mais de três mil anos após. A história versará de grandes tramas, sempre superadas pela força da amizade. As duas amigas Suzana e Catarina são a tradução de como vidas tão diferentes podem trazer tantos momentos de plenitude e realização apenas através da força do amor e da fé.
Nada do que ocorre durante a vida terrena é obra do acaso, existe uma força invisível que não só determina os acontecimentos, mas também os relacionamentos e principalmente as grandes amizades. Este livro tem por objetivo principal desvendar o mistério da reencarnação de uma maneira simples e objetiva. Relatar a trajetória de vidas precedentes de homens que possam confirmar cada colocação através de tendências e preferências que cultivam nesta vida e tudo encaixar-se perfeitamente, e poderem nos dar seu depoimento, será o ponto final para aqueles que buscam uma confirmação embasada pela razão – aos que prosseguirem duvidando, permitiremos que tenham total liberdade de assim se colocar, mas Deus na sua infinita justiça lhes concederá tantas vidas quantas forem necessárias para que enxerguem e aceitem a verdade absoluta.
A partir de agora, se encantem, se emocionem com a caminhada desta família, são todos fatos reais, retirados dos registros akáshicos de cada um dos personagens. Suzana, esposa de Aimanon, que esteve presente em todas as treze vidas será a responsável por colocar no papel todas estas emocionantes histórias. Tirem suas próprias conclusões do quanto a Criação é perfeita e nada se encontra em desalinho com as Leis da Natureza.
Boa Leitura.
Padre José Maria Xavier
Constantinopla: A Eterna Luz
CAPITULO 1
A INFÂNCIA INTERROMPIDA
A visão do imenso Rio Nilo era algo divino, o sol batendo em sua superfície trazendo seu calor rústico através dos diversos tons de laranja, desde os com matizes avermelhadas até o tão claro que nossos olhos enxergam como branco amarelado. Sentado no meu local preferido, com os pés descalços batendo à superfície da água morna, observava o sol se pôr e pensava em fazer algo para ajudar papai, afinal durante quatorze anos ele trabalhou todos os dias para plantar trigo e milho para que pudéssemos ter à mesa farta como sempre tivemos, é certo que eu e meus irmãos desde que completávamos seis anos já o auxiliávamos em pequenas tarefas. Agora é diferente, já sou um homem quase que maduro e preciso ajudar mais.
Vovó Celina e mamãe, nos reuniu ontem após a refeição da tarde e nos disseram que papai está muito doente e não pode mais trabalhar, o sol queima sua pele e a esta enchendo de feridos purulentas que os unguentos do Sacerdote Ramon não conseguem curar, então ela e vovó terão que buscar meios para conseguir alimento para a família. Eu e meus irmãos ficamos muito tristes e com medo que os Deuses levassem papai para sempre.
Minha família vivia à margem do Rio Nilo em uma cidade grande e próspera devido ao seu porto onde circulavam mercadorias de todos os tipos e também pessoas de diversas origens. Hoje se chama Istambul, naquela época, quinhentos e vinte e seis anos antes da Era Cristã era conhecida por Constantinopla², a esquina do mundo. Cada local desta cidade eram meus velhos conhecidos, sempre que terminava minhas tarefas diárias; saia, às vezes só, às vezes acompanhado de meus irmãos mais novos Antron e Lucius.
Nós três éramos grandes amigos, nunca brigávamos, a não ser quando Antron que tem onze anos queria sentar ao lado direito de papai durante às refeições, lugar reservado ao filho mais velho, que sou eu, Aimanon. Lucius tem oito anos e ainda precisa de muita proteção, pois é inocente e facilmente se perde e não sabe voltar para casa. Outro dia fomos ao mercado buscar mantimentos em Marcentália, é um local muito distante de nossa casa, na volta Lucius correu e se distanciou, o encontramos adiante, chorando, com um grande corte no pé, tivemos que carregá-lo até em casa e como ele era muito pesado, deixamos os mantimentos, quando voltamos para apanhá-los haviam sido roubados, eu e Antron choramos muito, pois o dinheiro para comprá-los foi fruto de muito trabalho de papai.
E agora? Como vamos fazer? Além de papai, mamãe e vovó, somos sete filhos, e eu sendo o mais velho dos meninos preciso honrar o privilégio de sentar ao lado direito de papai à mesa. As quatro meninas – a bebê Triciana, Mirna, Catarina e Claudia a mais velha de todos os filhos, se ocupam de ajudar mamãe nos afazeres da casa, então serei eu a comandar a família.
A água morna do grande rio é uma das fontes de alimento dos habitantes da cidade, mas nunca gostei de pescar, sempre quis estudar, ter muito conhecimento para um dia escrever tudo que soubesse e modificar a vida de pessoas tristes e sofredoras. Agora não haverá mais saída, precisava aprender a pescar ou todos morreriam de fome.
Com este pensamento invadindo minha mente, senti a pressão de uma mão em meu ombro direito, ao me voltar vi Menéas com seu olhar sereno, me fitando bondosamente, ele era muito respeitado por todos e quando haviam problemas a serem superados muitos conhecidos o procuravam, pois diziam que ele tinha o poder de ver o futuro, mas nunca tinha ido onde ele morava, pois acho que não conseguia entender como alguém poderia antecipar algo que não aconteceu e isto me deixava muito apreensivo à ponto de sentir calafrios apenas em me imaginar postado diante dele, mas de repente me viro, e ele está me fitando.
O que fazer? Parece que ele percebeu minha insegurança, tirou as sandálias toscas e sentou-se ao meu lado imergindo os pés na água do rio. Durante muito tempo não disse palavra, apenas contemplava os últimos raios de sol sobre a superfície das águas eternamente movimentando-se.
Percebi sua postura serena, sua tranqüilidade de alguma maneira me envolvia, mas a proximidade física me manteve calmo e senti como se estive ao lado de um velho amigo, isto me trouxe intuitivamente a pergunta aos lábios:
– Menéas, dizem que você sabe o que ocorrerá no futuro. Por favor, preciso saber o que fazer para auxiliar minha família, meu pai está muito doente e não pode mais trabalhar.
Ele apenas ouviu, fechou os olhos e lentamente disse:
– Aimanon, nada que ocorre na sua vida é obra do acaso, existe um grande Senhor, um Grande Deus que sabe tudo que pensamos e fazemos. Este Deus é o único motivo de estarmos aqui vivos conversando.
Eu me surpreendi, afinal meus pais sempre me disseram que existiam vários Deuses, cada um cuidava de nos dar aquilo que precisássemos, dentro de sua alçada, mas isto me deixou intrigado e contestei.
– Por que este Deus que nos permite viver esta querendo levar meu pai, que sempre trabalhou e cuida com carinho de todos nós?
– Aimanon, seu pai já cumpriu seu dever, que era trazer você e seus irmãos à vida, agora o Grande Deus o levará de volta de onde ele veio, ou seja, à sua verdadeira casa. Não tenha medo, você sempre saberá o que fazer, pois é um bom menino e esta aprendendo quais são as leis que regem todos os seres vivos e breve você também trará à nossa terra homens e mulheres que levarão a semente de novos povos e quando tiver cumprido sua tarefa também voltará para junto do Grande Deus. Peça auxilio aos Deuses que você conhece que o Senhor de todos eles te ouvirá e te ajudará.
– Agora vá para casa e fique ao lado de sua mãe e seus irmãos, logo sentirá que não estará só.
Eu me levantei rapidamente e corri sem olhar para trás. A distância entre o rio e minha casa era pequena, mas este dia me pareceu que demorei horas para chegar, ao avistá-la de longe senti como que se fosse a primeira vez. Era uma casinha branca, isolada, não tínhamos vizinhos próximos, mas sempre me trazia a sensação de segurança e aconchego, mas desta vez algo mudou, por diversos momentos durante este trajeto eu a senti inatingível.
Quando finalmente avistei as rosas que mamãe plantava ao redor da casa me senti seguro. Percorri o pequeno caminho de pedras, empurrei lentamente a porta, entrei em silêncio e me vi diante da cena que nunca mais esqueci – meu pai morto, deitado na esteira com o corpo coberto de feridas, o rosto sereno era o único traço que reconhecia naquele corpo deformado. Mamãe na cabeceira chorava muito invocando os Deuses do alto para que o recebessem. Vovó carregava a bebê Triciana e também rezava, papai era seu filho mais velho e sempre cuidou muito bem de sua mãe, ele tinha apenas um irmão que muito jovem partiu para o Oriente e nunca mais vovó teve noticias, ela não tem irmãos, dizem que foi encontrada no porto vagando sozinha com aproximadamente dois anos de idade e só dizia :
– Mamãe fugiu com a Minicéia.