Ao som
Do “fado”
Casemiro
Se espreguiça…
Olha para
O aparador
E vê o
Par de alianças
Brilhando
Como as estrelas
Do céu
A mãe entra
E pergunta:
O que é isso
Menino?
Como quem
Foi pego
Em uma traquinagem
Casemiro
Responde indeciso:
As alianças
Que fiz de latão
Para quando
Me casar
Com Célia!
Casar!!
Mas você
Só tem onze anos!
Ainda falta
Muito
Primeiro
Precisa
Estudar
Depois
Trabalhar
Para depois
Se casar…
E com uma
Lisboeta!
Casemiro
Olhou desolado
Para o par de alianças
Será que mamãe
Tem razão?
Afinal
Célia não é de Lisboa
Ela nasceu
Em Leiria
Mas não importa
Esta aliança é dela!
Concluiu o garoto
Menino
Insistente esse
E não é que se
Casou mesmo
Com Célia?
Mas era tanto amor
Que não podia
Ser diferente
Os dois
Foram feitos
Um para o outro
Dizia Terezinha
A avó carinhosa!
Mas o que ninguém sabia
É que o amor
Nasceu lá atrás
No dia que Célia
Olhou para Casemiro
Em uma vida
Na Grécia
O garoto franzino
Nunca mais a esqueceu
Tanto é, que hoje
É seu marido
Novamente!
Poeta Estelar
O texto a seguir faz parte integrante do Livro “A Caminho da Redenção” elaborado por Dez Espíritos de Luz, entre eles Padre José Maria Xavier e Suyê Suzuki. Recebido espiritualmente pela Médium Cristã e dona de casa Elza Horai. Para melhor entendimento deste texto e da Poesia acima, sugerimos aos amigos que estão acessando este blog pela primeira vez, que leiam os posts referentes as poesias “Família” e “Lentas Conquistas”.
“Portugal foi o país onde se passou a sétima vida. A família agora era pequena, o pai Casemiro, era um homem forte, trabalhador, muito amoroso, os olhos azuis profundos carregavam todo o caráter irrepreensível e o amor incondicional à esposa e as duas filhas, Maria e Aurélia. Célia tinha quinze anos quando se casou com Casemiro, não media esforços nos cuidados com as duas meninas, de seis e oito anos, uma infecção contraída durante o parto de Aurélia, a caçula, impediu que novos filhos fossem gerados. A cidade onde moravam, era na verdade, uma pequena vila de agricultores incrustada entre montanhas e conhecida como Leiria.
Célia e Casemiro se conheceram quando crianças. Célia nasceu em Leiria, Casemiro mudou-se para lá, com seus pais e irmãos quando tinha três anos. Seu pai era superintendente da Coroa Portuguesa e foi transferido de Lisboa para aquele distrito. Era o caçula de cinco irmãos, todos homens. Sempre buscou aprender muito, durante a infância foi educado por Sacerdotes Cristãos que passaram ensinamentos preciosos, que até hoje carrega em seu subconsciente. Célia, por outro lado, era filha de agricultores que ganhavam a vida através do trabalho árduo, lidando com a terra, criando animais, pescando, para colocar alimento na mesa. Cresceu sem nunca ter frequentado uma escola, mas sempre trouxe para sua vida os ensinamentos cristãos que lhe eram transmitidos por sua avó Terezinha, uma portuguesa de fala mansa e coração bondoso.
Casemiro cresceu correndo pelos campos de trigo, cruzou com Célia pela primeira vez quando tinha oito anos e ela seis anos. Foi em uma cerimônia na Igreja da Vila em homenagem ao Senhor morto. A menina estava em companhia de seu pai Luiz e seu irmão Roberto, sua mãe havia falecido de infecção contraída no parto de Moisés, seu irmão caçula – de quatro anos. Quem cuidava das crianças era Terezinha, a mãe de Luiz. Casemiro viu aquela menininha dócil de cabelos lisos e rosto angelical, nunca mais deixou de contemplá-la em seus sonhos. A partir deste dia, ele sempre tentava provocar situações “casuais” onde pudesse vê-la. Descobriu onde morava e na ânsia de saber mais, um dia foi até sua casa e disse para Luiz que se prontificava a ensinar sua filha a ler e escrever. O bom homem achou graça do jeito sério do menino de dez anos e disse que Célia não estudava porque não tinha tempo, todos os seus filhos precisavam ajudá-lo na lida com os trabalhos diários. Ao contrário de Casemiro, que por ser filho de quem era, passava a vida só estudando. Célia ouviu o diálogo escondida atrás da porta do quarto e também sentia o coração bater mais forte toda vez que pensava no menino loiro de olhos azuis.
Quando Casemiro fez treze anos, uma tragédia se abateu sobre sua família, seu pai e sua mãe foram assassinados por opositores da família Real. Os quatro meninos mais novos ficaram sob a guarda de Rubens, ele tinha dezenove anos e já era casado. A vida de Casemiro mudou da noite para o dia. A Coroa creditou as mortes a inimigos pessoais de Antenor – o superintendente – cancelou o soldo, e os meninos se viram na miséria absoluta. Célia sabendo da situação terrível que ficara a família, implorou que seu pai os auxiliasse. Luiz, convencido por Terezinha, passou a ajudar Casemiro e Ricardo, os dois meninos mais novos, deu-lhes trabalho na plantação de algodão e passou a pagá-los em forma de alimento e roupas, o auxílio na lida.
Casemiro e Ricardo passaram a ocupar um celeiro que ficava do lado externo da casa da família e sentiam-se privilegiados em poder sobreviver com dignidade. Após dois anos da morte de seus pais, Ricardo contraiu febre do feno, resistiu apenas três dias, morreu de insuficiência respiratória no dia de Natal do ano de 1236. Casemiro e toda a família de Célia ficaram muito tristes, pois Ricardo era muito querido. Tinha apenas dezesseis anos.
Célia e Casemiro começaram a namorar logo após a morte de Ricardo. A menina tinha quatorze anos. Luiz fazia muito gosto que os dois se casassem, ele sabia que Casemiro era trabalhador, honesto e cumpridor de seus deveres. Um ano após o casamento, nasceu Maria, uma menina forte e esperta, logo depois, Aurélia, esta com a saúde muito frágil, sofria de bronquite e tinha sérios problemas de visão. Por ocasião do nascimento da caçula, Célia ficou profundamente debilitada, devido a infeção já mencionada, por pouco não teve sua vida ceifada. Graças a um médico prático que andava pelas redondezas da vila onde ela morava, teve a sua vida preservada, mas à partir de então, temia pela vida das filhas. O fato de não mais poder gerar um bebê a transformou em uma mãe extremamente preocupada e sempre alerta com relação à saúde das filhas.
Um dia, por obra de um destino cruel, as duas meninas escaparam de sua vigilância e foram brincar no rio caudaloso que passava nos fundos da casa da família, assim que ouviu os gritos de Aurélia, Célia saiu correndo em direção ao rio, mas não houve tempo de salvar sua vida, viu o corpo da filha ser levado pela correnteza. Casemiro e seus irmãos encontraram o corpo da menina dois dias depois em uma localidade distante de Leiria. Este fato, marcou definitivamente a vida de Maria, que sempre se sentiu culpada pela morte da irmã, foi ela que teve a ideia de banhar-se no rio, mesmo contrariando ordens expressas de seus pais, que diziam que o rio era muito perigoso e só servia para lhes fornecer o peixe que complementava a alimentação da família. Foram muitas vidas, para que a garota, que não época tinha oito anos, superasse este trauma. Célia permaneceu inconsolável por muitos anos, vestiu-se de luto e sempre era vista com um véu negro cobrindo o rosto, em sinal da amargura que sentia pela perda da filha. A saga completa vivida por Célia e Casemiro será contada no Livro referente à vida em Leiria – Portugal. O que podemos adiantar é que o espírito de Luz que permitiu que a família Silva se reunisse neste Século XXI, integrou-se pela primeira vez à Família nesta vida. Vestindo o corpo de Terezinha, Amélia Silva foi apresentada a suas futuras netas e bisnetas.”