A Lagarta e a Princesa

O reino era minúsculo
O Rei e a Rainha
Reinavam
Com justiça e retidão
Seus filhos cresceram
Com Deus no coração…
Apenas a princesinha
Arrogante
Destoava de toda família…
Destratava os serviçais
Exigia a atenção
De seus tutores,
Os professores
Contratados pelo Rei
Para dar um jeito
Na filha rebelde!

Quando tinha cinco anos
Seu gênio já despontava…
A Rainha dizia:
Minha filha
É uma criança…
Portanto, não quero
Que ninguém
Retruque com ela
Muito menos chame
Sua atenção
Quando crescer…
Se tornará
Uma jovem polida
E com Deus no coração!

Dez anos se passaram
A princesinha acabara
De ser presenteada
Com uma belíssima
Festa de quinze anos…
Tudo do bom e do melhor
Comida, vestido, baile…
Absolutamente nada
Foi esquecido
Os pais orgulhosos
Pretendiam
Apresentá-la
Aos nobres do reino!

Pretendiam?
Sim…
Todos os convidados
Já ocupavam
O suntuoso salão
A orquestra
Toda composta
Aguardando apenas
A entrada triunfal
Da aniversariante
Para dedilharem
Os primeiros acordes…
Os três irmãos
Elegantemente vestidos
Se colocaram ao lado
Do Rei e da Rainha…
Sobre o palco
Cuidadosamente erguido
Especialmente para
A família real

Mas intermináveis minutos
Se passaram…
E nada da princesinha
Descer as escadarias
Do palácio
O Rei já inquieto
Decidiu
Descobrir a causa
Do imenso atraso…
A Rainha fez menção
Em acompanhá-lo
Mas foi impedida
Por um olhar lancinante…

Ao abrir a porta do quarto
O Rei viu a filha
Rodeada por três amas
Prestes a ter um
Ataque de nervos
Ele perguntou resoluto:
O que está acontecendo aqui?
A aniversariante
Virou-se lentamente
Encarou o pai
Deu sorriso amarelo
Falou convicta:
Não quero mais esta festa!

As amas se entreolharam
O pai foi pego de surpresa
Mas mesmo assim perguntou:
E porque minha filha?
Porque acabo de descobrir
Que você não convidou
Nenhum príncipe…
E como posso descer
Para minha festa
Sem a presença
De um príncipe sequer?

Tentando resolver o impasse,
A mais velha das amas
Interferiu na conversa:
Mas seus três irmãos
São príncipes, princesinha…
A garota como sempre
Olhou-a com desdém
Nem se dignou a responder!

O Rei percebendo
O tamanho da arrogância da filha
Pediu que chamassem a Rainha…
Esta veio voando
Entrou no quarto esbaforida
Dizendo para quem quisesse ouvir:
Minha filha tem razão,
Seja qual for o motivo do atraso!
A jovem correu
A abraçar a mãe…
As três amas estáticas
Mal respiravam

O Rei pensou um pouco
Disse com muita calma
Como era de seu feitio:
Minha Rainha
Minha Princesa
Vocês tem razão
Não haverá mais esta festa
Nem nenhuma outra…
Porque a partir de hoje
As duas vão morar
Na casa do jardineiro
Que morreu no
Último verão
Cuidarão dos canteiros
Eliminarão as lagartas
Colherão as flores
Que enfeitarão o Palácio

Saiu, sem mais nada dizer!
A Rainha levou um susto
A princesinha arrogante
Começou a chorar
Elas sabiam que
A palavra do Rei
Era uma só…
E assim foi feito
A festa foi cancelada
As duas deixaram o palácio
Foram morar
No casebre
Do falecido jardineiro

Moral da história:
Criança precisa de freio
Se isso não acontecer
Elas não saberão
Distinguir
O certo do errado
E no futuro
Acabarão
Eliminando lagartas
No Jardim da Vida!

Poeta Estelar

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