Cantando sem Ritmo

Marcando a sinfonia
Com as mãos
Movimentando rapidamente
Os braços

O maestro
Se esforça
Para manter
A harmonia
Dos instrumentos

Diferentemente
Daquilo
Que pratica
Com os seus

Homem feito
Que conserva
O perfil
De menino mimado

Aclamado
Pelos fãs
Vive rodeado
De glória

Personalidade frágil
Ancorada
Pela usual
Arrogância

Não sabe
Ouvir não

Só quer
Ser bajulado
Mantendo
A pose de estrela

Certo dia
Irritado
Com o atraso
Proposital
Mas bem pensado

Maltratou
Um amigo
Até quase
Levá-lo as lágrimas

Naquele dia
Levantou
Mal-humorado

Teve um
Ataque de estrelismo
Sem ao menos
Se desculpar
Com a empregada
Cuja vida
Era servi-lo

Amigo e servidora
Se achavam
Ultrajados

Isto
Sem contar
Com os músicos
Que se pudessem
Deixariam
De acompanha-lo

Mas a posição
De destaque
Fazia
Que todos
Se rebaixassem

Perdessem
Sua autoestima
E o poder
De contestação

O amigo
Mais chegado
Também sofria
Com os rompantes
Do maestro

Sua mãe
Era professora
De música

E desde a adolescência
Eram amigos

Mas ultimamente
A arrogância
Era tanta

Que o amigo
Evitava cruzar
Com o famoso
Maestro

Tudo mudou
Quando em
Um belo
Dia de primavera

A polícia
Bateu no teatro
E disse

O Senhor
Está preso
Por não cumprir
Com suas obrigações
Como homem de bem

O que eu fiz…
Balbuciou
O maestro
Com um fio de voz

Como eu disse
Não cumpriu
Com suas obrigações

Como amigo
Como patrão
Como filho

Ora, eu não sabia
Que não
Me deixar levar
Pela choradeira
Que ouço
Ao meu redor

Poderia
Me levar a prisão!

Neste instante
Um Anjo surge
Diante deles
E diz

Não se preocupe
Com isso
Estamos falando
De outra prisão

Aquela
Que aprisiona
Sem grades
A prisão Consciencial

Em um primeiro momento
O maestro
Ficou mudo

Depois de
Algum tempo
Riu tanto
Que não conseguia
Parar

O Anjo
Então falou

Suas atitudes
O aprisionaram
Na prisão
Mais vigiada
Do Universo

De onde
Não há
Como fugir

Suas atitudes
O levaram
Até ela

E agora
Só resta
Ir comigo

E deixar
De se fazer
De vítima

A esta altura
O maestro
Já tinha parado
De rir

E sério
Perguntou
Então quer dizer
Que vou morrer?

Desta vez
Quem riu
Foi o Anjo

Que disse
Em um
Só fôlego

Não!!
O Senhor não
Vai morrer

Apenas vai
Receber
De volta
Tudo que fez

O teatro
Será reformado
E a cidade
Que é a proprietária
Decidiu
Contratar outro maestro

Maria, sua empregada
Já arrumou
Outro emprego
Onde será
Muito mais
Bem tratada

Jonas, seu amigo
De infância
Cansou-se
E pediu para dizer
Que nunca
Mais o procure

Choramingando
O maestro disse
Em um fio de voz

Quer dizer
Que estou desempregado
Abandonado
Por estes ingratos

Que sempre viveram
Usufruindo
De minha bondade?

O Anjo
Em posição
De ir embora

Ouviu
O último lamento
E agora
O que faço?

Com pena
Do maestro
Agora humilde

O Anjo disse
Dobre os joelhos
E peça
Clemência a Deus

Quem sabe
Depois de aprender
Ser menos arrogante
Mais amigo
Mais condescendente
Mais solidário
Mais compreensivo

Você possa
Ter uma
Oportunidade

Por enquanto
Junte os cacos
Do que restou
De sua vida
E recomece!

Poeta Estelar
by Elza Horai

****

Mais detalhes sobre este “chacoalho de amor” no canal Luz nas Entrelinhas

Acesse…

Imagem de Martyn Cook por Pixabay

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